Disputa de áreas agrícolas entre biocombustíveis e produção de alimentos no Brasil é falso dilema, diz especialista

Heitor Cantarella – diretor do Centro de Solos e Pesquisa de Fertilizantes do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Crédito: divulgação.

Produção de alimentos e de etanol cresceram juntas no país nos últimos 40 anos. Apenas 8% do território nacional é utilizado por atividades agrícolas.

São Paulo, novembro de 2024 – Nos últimos 40 anos o Brasil passou de importador de alimentos para um dos maiores produtores e exportadores de grãos e proteína animal do mundo. No mesmo período, a produção do etanol aumentou praticamente 5 vezes e hoje representa 40% do consumo de veículos leves no país. Além disso, a biomassa residual gerada por essa produção hoje responde pela geração de energia de 15,4% da matriz elétrica brasileira.
Para Heitor Cantarella, agrônomo, pesquisador e diretor do Centro de Solos e Pesquisa de Fertilizantes do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), esses dados mostram claramente que a produção de biocombustíveis não prejudica a produção de alimentos no Brasil. “Nós estamos provando que, no Brasil, é plenamente possível produzir alimentos e biocombustíveis juntos e de modo sustentável”, pontuou o pesquisador, que foi um dos painelistas que participaram da cerimônia de abertura do BBEST – IEA Bioenergy.
De acordo com Cantarella, a agricultura ocupa 8% de todo o território brasileiro e as pastagens 21%, sendo que o país é hoje o maior exportador mundial de soja, café, milho, açúcar, suco de laranja, proteína de aves e bovina, além de ser o maior produtor mundial de vários desses produtos.
O diretor do IAC disse que graças ao clima e à disponibilidade hídrica brasileira, é possível se obter na mesma área agrícola, por meio da rotação de culturas, até três safras por ano. “O crescimento da produção agrícola no país se deve, em sua maior parte, às pesquisas, à mecanização e à aplicação de novas tecnologias no campo. Isso tem garantido sucessivos ganhos de produtividade no campo”, diz Cantarella. “A área ocupada pela produção de etanol representa hoje 4% do total de áreas utilizadas pela agropecuária no país e 1,5% do total do território nacional. Portanto, falar que no Brasil o aumento da produção de etanol prejudica a produção agrícola não faz sentido”, complementou.
De acordo com o pesquisador, o Brasil possui importantes legislações sobre uso da terra, como o Código Florestal, por exemplo, que prevê a preservação de 80% do bioma da floresta amazônica e 35% do cerrado, assim como a obrigatoriedade de ações de compensação no mesmo bioma em eventual caso de desmatamento. “Sabemos que a questão do desmatamento ilegal é um problema, mas isso não é uma questão política, mas sim de polícia”, destacou.

Indústria e produção de biocombustíveis

Cantarella destacou ainda, em sua apresentação, o caso do Estado de São Paulo, que pode ser apresentado como um local em que a industrialização e a produção de biocombustível têm ocorrido conjuntamente. “São Paulo é o estado mais industrializado do país, responsável por 30% do PIB brasileiro e ao mesmo tempo produz 57% de todo o biocombustível produzido no país. Isso indica que, a depender das condições e disponibilidade de terras, mesmo regiões industrializadas podem contribuir com a produção de biocombustíveis”, disse.
Para Cantarella, há ainda um importante fator a ser considerado, que é a capacidade de geração de emprego e riqueza distribuída que os biocombustíveis podem gerar. De acordo com o pesquisador, proporcionalmente, a produção equivalente de biocombustíveis gera mais empregos que a dos combustíveis fósseis. “Os biocombustíveis não precisam ser produzidos necessariamente a partir da cana, podem ser utilizadas outras matérias primas. Além disso, a tecnologia e a infraestrutura criada nas áreas rurais para a produção de biocombustíveis contribuí para desenvolver também a produção de alimentos com a rotação de culturas. São atividades complementares e não excludentes”, reforçou.
Por fim, o pesquisador ponderou que a produção de bioenergia, em larga escala, deve ser avaliada por cada país dentro da sua realidade, mas pode ser implantada em todos os locais onde existam disponibilidade de terras. “Já está mais do que na hora do potencial dos bicombustíveis ser reconhecido e sua produção estimulada e adotada ao redor do mundo”, finalizou.

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We look forward to seeing you soon and wish you success in your bioenergy endeavors.

Sincerely,

Rafael V. Ribeiro
President of SBE

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