Homenagem aos pesquisadores paulistas durante BBEST & IEA Bioenergy Conference. Crédito: Divulgação
Cerimônia para celebrar os grandes marcos da pesquisa em bioenergia e a sua contribuição nos últimos 25 anos para o desenvolvimento do Estado de São Paulo ocorreu durante a Conferência BBEST – IEA Bioenergy. Pesquisadores, cientistas e lideranças políticas destacaram a importância das pesquisas científicas para fortalecimento do Brasil no cenário mundial do setor de bioenergia. Evento também homenageou os 15 anos do lançamento do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN).
São Paulo, novembro de 2024 – Para os pesquisadores paulistas da área de bioenergia, 1999 é um marco: nesse ano teve início o primeiro projeto mundial de sequenciamento genético da cana-de-açúcar comercial, liderado pelo Brasil. A inciativa marcou também o início das pesquisas científicas sobre biocombustíveis no Estado de São Paulo.
Em 2024 completou-se 25 anos dessa conquista – uma importante efeméride, celebrada durante a Conferência BBEST – IEA Bioenergy. Glaucia Mendes Souza, co-chair da conferência e pesquisadora do BIOEN, lembrou que o sequenciamento genético da cana-de-açúcar (SUCEST), iniciado em 1999 e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pela Cooperativa dos Produtores de Cana, Açúcar e Álcool de São Paulo (Coopersucar), foi uma das primeiras grandes ações desenvolvidas na área de pesquisas de bioenergia no Brasil, com a identificação de mais de 99% dos genes da cana comercial e que também marcou a criação de uma grande rede de cooperação acadêmica e da indústria.
“Na época, o projeto envolveu mais de 240 pesquisadores de 40 instituições, sendo 17 internacionais. Foi o maior sequenciamento genético de uma planta realizado no mundo e gerou um banco de dados de genomas que é utilizado em pesquisas de melhoramento genético da cana até hoje, não apenas por pesquisadores brasileiros, mas de todo o mundo”, pontuou.
A professora lembrou, ainda, que, na esteira das pesquisas sobre cana e biocombustíveis, foi criado, dez anos depois, o Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), que congrega iniciativas públicas e privadas no desenvolvimento da bioenergia não apenas em São Paulo, mas para todo o país. O BIOEN, por sinal, foi outro programa homenageado durante a cerimônia.
Rafael Vasconcelos Ribeiro, presidente da Sociedade de Bioenergia (SBE), lembrou que a pesquisa de cana, estratégica para o Brasil, estimulou não apenas a criação do BIOEN, mas também da própria SBE, fundada em 2014 com objetivo de promover o uso e a produção sustentável de bioenergia. “O início da pesquisa científica sobre a cana estimulou uma série de ações em torno da bioenergia e dos biocombustíveis, e a SBE foi uma delas”, lembrou.
De acordo com Ribeiro, desde o início das atividades da SBE, todos os membros concordaram que a entidade deveria dar todo apoio e suporte às ações do BIOEN e à formação de pesquisadores. Outra iniciativa foi a criação do Programa Interinstitucional de Doutorado em Bioenergia, do qual fazem parte USP, Unicamp e Unesp, um programa pioneiro por integrar as três universidades públicas paulistas, possibilitando aos alunos assistirem aulas e desenvolverem pesquisas com apoio de professores nas três universidades”, destacou. Para Ribeiro, esse projeto integrado amplia a circulação de conhecimento entre as universidades e ajuda a aproximar os pesquisadores. O presidente da SBE informou que a instituição também iniciou um programa de extensão em bioenergia para os alunos do ensino médio da rede pública. “Estamos estimulando hoje a formação dos nossos cientistas do futuro”, disse.
Tecnologia e política
Entre as autoridades presentes, participou da celebração o prefeito de Piracicaba, Luciano Almeida, que ocupou o cargo de secretário adjunto de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo quando da criação do BIOEN.
Almeida destacou a importância do setor público no fortalecimento de alguns setores estratégicos para o país, como no caso dos biocombustíveis. O prefeito do município paulista lembrou que, no início dos anos 2000, ele, enquanto secretário adjunto, provocou o Ministério do Desenvolvimento Econômico a adotar uma postura mais proativa na defesa dos biocombustíveis no país. “Na época defendi que o etanol somente seria considerado um combustível viável para uso mundial se também fosse produzido por outros países. A partir dessa análise geopolítica, o Brasil decidiu incentivar e contribuir tecnologicamente com todos os países interessados em biocombustíveis e com potencial para sua produção”, disse.
A ação ganhou força com a criação, na ocasião, em São Paulo, do APLA (Arranjo Produtivo Local do Álcool) que reuniu os principais produtores de álcool, equipamentos e tecnologia, grupo que correu o mundo apoiando e estimulando a produção de etanol em outros países. Agregado a essa iniciativa também foi criado, em 2006, o Parque Tecnológico dos Biocombustíveis e Bioenergia em Piracicaba.
Tornar o Brasil uma referência no setor de biocombustíveis não foi tarefa fácil. “Nessa época fomos num evento sobre biocombustíveis, patrocinado pela Shell, numa universidade da Holanda. No evento, a empresa deixou absolutamente claro que era contra a produção de etanol no Brasil. Hoje, no entanto, a Shell, por meio de parcerias, é uma das maiores produtoras de etanol no país”, contou. “Essa mudança de mentalidade não foi por acaso. Isso é resultado de um trabalho de fortalecimento do etanol brasileiro, que começou há 20 anos”, complementou. Há duas décadas, o Estado de São Paulo já era o principal produtor de biocombustíveis no país.
Outro momento em que foi necessário ao Brasil ser proativo deu-se na Bélgica, em 2007, quando ocorreu um encontro de institutos estadunidenses e europeus de metrologia, que tinha como objetivo estabelecer padrões para o etanol, tendo como base, o etanol de milho e de beterraba. Segundo o ex-secretário adjunto de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, o Brasil sequer foi convidado para esse encontro e o etanol à base de cana-de-açúcar estava sendo descartado do debate. “Contudo, uma representação brasileira compareceu mesmo assim ao evento e teve embates ferrenhos com estadunidenses e europeus”, recordou. “Para se ter uma ideia de como a coisa era, durante esse encontro, um representante da Ford na Europa mostrou fotos de um Corcel dos anos 80, de quase 30 anos antes, para justificar que o etanol brasileiro corroía peças do motor. Isso é só um exemplo do que tivemos de enfrentar para consolidar nosso etanol”, acrescentou.
Almeida destacou que o apoio dos governos e de empresas para o desenvolvimento e fortalecimento das pesquisas sobre biocombustíveis no Brasil foi decisivo para o fortalecimento e reconhecimento mundial do país no setor de bioenergia. “Ter institutos de pesquisa, como o BIOEN/FAPESP produzindo ciência e tecnologia faz toda a diferença”, pontuou.
Ao final da cerimônia, foram homenageadas uma série de 50 instituições e pesquisadores que atuaram na produção científica da bioenergia em São Paulo nos últimos 25 anos em São Paulo incluindo as Pró-Reitorias da USP, UNICAMP, UNESP, UFSCAR e o IAC.
Important information:
- The student must be a member of SBE and present his(er) work at the event.
- The amount of resources allocated to support students is limited, and requests will be considered on a first-come, first-served basis.
- The student must register for the event and contact SBE (sbe.bioenergy@gmail.com), attaching a copy of his(er) work and proof of enrollment in an Undergrad or Graduate Program.
- Supported students will receive a voucher to be used in the event’s registration system.
- SBE support is exclusively for the registration until July 31, 2024 (early registration).
We look forward to seeing you soon and wish you success in your bioenergy endeavors.
Sincerely,
Rafael V. Ribeiro
President of SBE