A academia e empresas avançam em soluções à base de biocombustível para motores pesados

Crédito: imagem Shutterstock

Painel BIOEN Mobility da BBEST – IEA Bioenergy Conference apresentou pesquisas que focam na adoção de misturas de biocombustíveis em motores a diesel, assim como em motores a etanol em veículos agrícolas pesados.

São Paulo, novembro de 2024 – “Sabemos que o etanol é melhor que os combustíveis fósseis, não apenas do ponto de vista de emissões, de poluição ambiental, mas, principalmente, pelo seu desempenho”, afirmou Luiz Augusto Horta Nogueira, professor da Unifei e moderador do painel BIOEN Mobility, durante o segundo dia do BBEST & IEA Bioenergy Conference, para debater o papel da bioenergia na transição energética.
Durante o painel sobre mobilidade e biocombustíveis, foram ressaltadas inovações técnicas para melhorar o processo de combustão e de misturas (blends) de biocombustíveis em motores a diesel usados em veículos pesados – como tratores, caminhões e ônibus. “Com a nova realidade dos preços, cresceu o interesse no uso de etanol em motores diesel de veículos pesados”, ressaltou Horta.
Painelistas lembraram que o Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Em 2023, o país bateu recorde na produção com 35,4 bilhões de litros e as projeções indicam que a oferta de etanol, considerando a cana de açúcar (primeira e segunda geração) e o milho, pode chegar a 48 bilhões de litros até 2034.
Clayton Zabeu, professor e pesquisador do Instituto Mauá compartilhou detalhes de novos desenvolvimentos e tendências para uso de etanol, como um dos combustíveis renováveis para uso em motores pesados utilizados na agricultura (os quais, normalmente, usam combustível fóssil). Ele deu como exemplo a John Deere, uma empresa global de tecnologia que fornece software e equipamentos para os setores agrícola, de construção e florestal: a companhia anunciou no final do ano passado o desenvolvimento de um motor a etanol de 9 litros para máquinas agrícolas, como tratores e colheitadeiras.

Descarbonização via tecnologia

“Tecnologias que há 20 anos não eram viáveis, por limitações em processos fabris e tecnológicos, tornaram-se possíveis com os novos processos e a eletrônica embarcada e se tornaram aliadas à tendência da descarbonização”, comentou o professor do Instituto Mauá.
Ronaldo Domingues Mansano, do Departamento do Engenharia Elétrica da Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), chamou a atenção às novas metodologias para melhorar a ignição automotiva visando melhor eficiência dos motores atuais que rodam a biocombustíveis. “Estamos desenvolvendo técnicas para melhorar essa eficiência do equipamento entre 10% e 15%. Além disso, os subprodutos dos biocombustíveis são menos agressivos ao meio ambiente”, relatou Mansano.
Outro estudo, também em desenvolvimento na Poli/USP, está sendo conduzido pelo professor e pesquisador de Mecânica, Guenther Carlos Krieger Filho. Ele explicou que as montadoras utilizam o mesmo motor desenvolvido para gasolina para o etanol. “Em uma pesquisa sobre a combustão do etanol quisemos demonstrar que um motor desenvolvido para etanol pode ter mais vantagens do que um motor que está apenas rodando “com” etanol (mas que originalmente foi feito para gasolina).”, disse. Krieger acrescentou que, assim como acontece hoje com veículos flex, a ideia é que o motor para etanol também permita que o usuário coloque gasolina.

Vantagens comprovadas

“Já, o melhor caminho para a mobilidade sustentável é a combinação do uso de biocombustíveis com tecnologias automotivas, como o híbrido flex”, defende Roberto Braun, diretor de Comunicação da Toyota do Brasil. Segundo ele, as políticas públicas adotadas nos últimos anos permitiram que o Brasil chegasse à condição de hoje, de ser um dos maiores protagonistas globais no uso de biocombustíveis como uma solução para descarbonização da mobilidade do transporte.
Braun destacou que a Toyota trouxe o híbrido flex para o Brasil em 2019 e que o veículo representa um marco na indústria automobilística, combinando a eficiência dos motores híbridos com a versatilidade do etanol brasileiro. “Existe uma redução de 30% das emissões de poluentes, incluindo o CO2, e redução em 30% do consumo de combustível”, contou o diretor da Toyota.

Made in Brazil

Erwin Franieck, professor da Unicamp, diretor presidente e um dos fundadores da organização 4Mobility, por sua vez, conta que propôs um desafio para a indústria: desenvolver localmente os equipamentos para produzir biocombustíveis. A ideia surgiu depois que ele mapeou mais de 300 plantas de álcool, cerca 40 de biometano e 10 de biodiesel prestes a entrar em produção. “Tudo importado, daí o desafio de produzirmos esses equipamentos no país”, afirmou.
Franieck diz que, entre os objetivos da 4Mobility, está o promover o desenvolvimento de projetos conjuntos da academia e da indústria. Ele também liderou o grupo que criou o Made In Brazil Integrado (MIBI), para analisar as demandas nacionais e criar grupos de trabalho para substituição de importações, desenvolvendo no Brasil equipamentos que ainda são importados. “Começou quando, a pedido do governo federal, fizemos um grupo com a cadeia automotiva para produzir ventiladores pulmonares. Deu certo e, a partir daí, criamos o MiBi”, contou. “Vamos estudar agora no que podemos avançar com a nacionalização dos equipamento”, complementou.

Important information:

  1. The student must be a member of SBE and present his(er) work at the event.
  2. The amount of resources allocated to support students is limited, and requests will be considered on a first-come, first-served basis.
  3. The student must register for the event and contact SBE (sbe.bioenergy@gmail.com), attaching a copy of his(er) work and proof of enrollment in an Undergrad or Graduate Program.
  4. Supported students will receive a voucher to be used in the event’s registration system.
  5. SBE support is exclusively for the registration until July 31, 2024 (early registration).

 

We look forward to seeing you soon and wish you success in your bioenergy endeavors.

Sincerely,

Rafael V. Ribeiro
President of SBE

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